segunda-feira, 17 de agosto de 2009

ENTRE OS MUROS DA ESCOLA

 

Há uma diferença cultural e social que gera incompreensão e atrito entre ambas as partes, em um retrato do que seria a França contemporânea. Os muros da escola não são os únicos que revelam uma divisão e uma impenetrabilidade entre dois lados. Há também outros muros invisíveis que estão sugeridos no filme.

     De um lado desse muro está Marin, um professor de francês. De outro, está um grupo de alunos entre13 e 15 anos composto por negros africanos, asiáticos latino-americanos e franceses.
       Marin pode ser visto como um educador, em um primeiro momento, mas também como uma espécie de colonizador.

A linguagem é o grande campo de batalha onde é travado esse conflito cultural. O filme sustenta basicamente apenas com longos diálogos.
São os dois personagens "rebeldes" e principais questionadores da autoridade de Marin. É como se a visão deste filme francês fosse apenas capaz de ver o "verdadeiro" outro como o "bom selvagem", aquele personagem de outra etnia que se esforça a assimilar a cultura francesa. Talvez por isso, os professores lamentem a possibilidade de deportação do chinês Wei, um aluno dedicado no estudo do francês e bom moço, mas se reúnam para discutir a expulsão de Souleymane, um personagem que vemos falar um outro idioma.
      O filme reforça uma visão colonizadora a partir do ponto de vista de alguém que se toma, mesmo que inconscientemente, como a "civilização". Assim, o outro se torna o retrato da rebeldia que deve ser conquistado através da assimilação da cultura da "civilização".
     Trata-se de um retrato que talvez não seja diferente do que vemos em escolas brasileiras, em que é comum o relato de desrespeito ao professor.

 

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