Fiz este trabalho na escola onde trabalho, procurei alunos das turmas maiores (de 5ª a 8ª séries) por me sentir mais a vontade e por acreditar que estes entenderiam mais facilmente a minha proposta ao realizar esta entrevista. Escolhi um aluno de cada série.
Fiz as entrevistas em uma sala de aula vazia e expliquei que esta entrevista serviria para um trabalho meu da faculdade e que poderiam ficar bem à vontade, pois ninguém ficaria sabendo o que eles relatassem ali .
Ao começar estas entrevistas tive medo do que poderia ouvir, pois Sapiranga é uma cidade de origem alemã e que ainda preserva muito certos costumes inaceitáveis na sociedade atual. Muitas vezes ouve-se que entre um candidato a emprego na dúvida entre um de origem afro e um de origem alemã a preferência é do segundo e se neste caso restarem dois a vaga será dada ao candidato que for nascido na cidade, deixando de lado as qualificações. Quando comecei a trabalhar nesta escola onde trabalho hoje me deparei com uma cena que me incomodou muito. Na primeira festa que a escola fez e os professores tiveram que trabalhar ouvi uma colega falar para outra "vê se tu fazes um trabalho de gente branca e não de negrão como este que tu está fazendo agora". Aquilo sem dúvida me chocou muito, tanto é que nunca mais esqueci, e desde aquele momento tive a certeza de que deveria cuidar muito do que falava e com quem falava pois o preconceito ali era muito grande.
Surpreendi-me muito com as entrevistas pois aluno algum citou preconceitos sofridos por professores ou funcionários da escola, pelo visto eles escondem bem o que sentem, ao menos na frente dos alunos. Senti também, que o preconceito maior ocorre dentro de casa pelas próprias pessoas afro que se denominam inferiores e sem forças para lutar contra a sociedade. Quanto mais pobres forem maior será o seu sentimento de inferioridade e de impotência diante dos obstáculos impostos pela sociedade.
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